A reciclagem de resíduos na construção civil deve ser prioridade no Plano de Gerenciamento de Resíduos (PGRS), conforme resolução CONAMA (Conselho Nacional do Meio Ambiente) 307 de 2002, como forma de reduzir os impactos ambientais gerados pelos materiais descartados.
Ainda que o texto legal estabeleça a transformação dos resíduos a fim de que possam ser reutilizados, muitos gestores do setor não veem vantagem financeira nessa operação. O resíduo da construção civil tem valor agregado muito baixo porque substitui brita e areia que são produtos de custo relativamente baixo. Situação bem diferente do alumínio cujo exemplo de sucesso da reciclagem de latinhas vem rapidamente à cabeça.
Esses profissionais falham, no entanto, em não enxergar a importância de adotar essa prática sustentável. Existem hoje diversos selos de sustentabilidade, também conhecidos como selos ecológicos ou ecolabels, que certificam produtos e serviços cuja produção e oferecimento levam em conta a preservação do meio ambiente. A visão vai muito além de obter retorno financeiro direto na reciclagem dos resíduos. O esforço de fazer com que a empresa seja reconhecida pelo mercado tão logo obtenha esses selos resulta em vantagem competitiva.
Como o guru do marketing e professor da Harvard Business School, Michael Porter, definiu, o conceito de vantagem competitiva deve ser entendido como uma condição favorável e consistente que uma empresa tem em relação aos seus concorrentes, vantagem essa verificada pelo desempenho econômico sistematicamente superior ao dos demais competidores.
Selos e certificações de sustentabilidade
A certificação LEED (Leadership in Energy and Environmental Design) é tida como a mais importante do mundo. Uma das dimensões avaliadas denominada “materiais e recursos” objetiva encorajar o uso de materiais de baixo impacto ambiental, como reciclados, e reduzir a geração de resíduos, além de promover o descarte consciente. Utilizado hoje em 143 países, o selo objetiva incentivar a adoção de práticas sustentáveis nos projetos, na obra em si e na operação das edificações. De acordo com relatório de 2015 do Green Building Council Brasil (CBCB), que tem ligação com a LEED, o Brasil ocupa a quarta posição no ranking mundial de construções verdes, estando atrás apenas de Canadá, China e Índia.
O Selo Casa Azul da Caixa Econômica Federal também confere importância para a reciclagem por identificar projetos que adotam soluções eficientes na construção, no uso, na ocupação e na manutenção dos edifícios. As empresas construtoras, o Poder Público, as empresas públicas de habitação, cooperativas, associações e entidades que representam movimentos sociais podem se candidatar à certificação, que não custa nada. Comprovar para o mercado que o empreendimento é de qualidade e sustentável representa o maior benefício. Sem contar que a empresa que recebe o selo ganha publicidade gratuita, já que a Caixa divulga as construções certificadas nos seus canais de comunicação e eventos que participa.
Mesmo que já tenhamos mencionado algumas vantagens dadas pelas certificações às empresas de construção civil, vale a pena relacionar todas elas abaixo.
1) Diminuição dos custos operacionais;
2) Diminuição dos riscos regulatórios;
3) Valorização do imóvel para revenda ou arrendamento;
4) Aumento na velocidade de ocupação;
5) Aumento da retenção;
6) Modernização e menor obsolescência da edificação;
7) Melhora na segurança e priorização da saúde dos trabalhadores e ocupantes;
8) Capacitação profissional;
9) Conscientização de trabalhadores e usuários;
10) Uso racional e redução da extração dos recursos naturais;
11) Redução do consumo de água e energia;
12) Uso de materiais e tecnologias de baixo impacto ambiental;
13) Redução, tratamento e reuso dos resíduos da construção e operação.
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