Quais são os critérios de medição de serviços na construção civil?

A realização da medição de serviços causa muitas dúvidas entre os profissionais da construção civil. Essencial para a elaboração do orçamento e para a fiscalização das obras, as medições definem como os serviços, materiais, equipamentos e profissionais serão quantificados e pagos ao longo da execução do projeto.

As dúvidas surgem principalmente porque não existe um padrão definido para a medição. Os órgãos e empresas podem usar critérios de medição diferentes e, por isso, é fundamental ter muita atenção aos critérios definidos – a confusão entre critérios pode gerar cálculos errados e desperdiçar materiais e recursos da construtora.

Confira abaixo quais são os principais critérios de medição de serviços utilizados no Brasil:

TCPO

Lançada em 1955 pela Editora Pini, a TCPO (Tabela de Composições e Preços para Orçamentos) é uma das principais referências para a produção de orçamentos no Brasil. Com mais de 8.500 composições de serviços e preços de referência calculados, a TCPO é amplamente utilizada em obras públicas e privadas de construção civil. Alguns critérios definidos pela Base TCPO são:

Limpeza do terreno: Em metros quadrados. Considerar a área de ocupação, mais 3 metros em toda a periferia ou o total.

Escavação para fundações: Em metros cúbicos. Considerar o volume real da cava. Prever também o custo do escoramento (se houver). Prever o espaço para o trabalho nos elementos de fundação.

Alvenaria de tijolos: Em metros quadrados. Descontar a área que exceder a 2m² em cada vão (janelas, portas, etc). Vãos com área iguais ou menores a 2m² não são descontados, assim como eventuais elementos estruturais de concreto inclusos na alvenaria.

Contra piso, pavimentação, soleiras e rodapés: Em metros quadrados. Considerar a área ou comprimento reais.

ORSE

O Software ORSE (Orçamento de Obras de Sergipe) é mantido pela Companhia Estadual de Habitação e Obras Públicas de Sergipe. Atualmente, o banco de dados conta com 9.885 insumos e 9.627 composições de preços unitários. Alguns critérios do ORSE são:

Pinturas com esmalte sintético e tintas a óleo: Em paredes e tetos, considerar a área executada, em metros quadrados, de acordo com as especificações do projeto. Em esquadrias de madeira e metal, considerar a área de projeção da esquadria, em metros quadrados, e multiplicar por três (altura x largura x 3).

Concreto simples: Volume em metros cúbicos, com base nos projetos de fôrmas da estrutura concretada.

Pavimentações externas: Medição por metro quadrado executado, de acordo com a espessura de camada definida no projeto.

Revestimento com azulejos e cerâmicas: Emboço e rejuntamento não devem ser medidos separadamente. Os serviços serão pagos por metros quadrados de revestimento executado.

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Práticas SEAP

O Manual de Obras Públicas – Edificações envolve o conjunto de práticas da extinta SEAP (Secretaria de Estado da Administração e do Patrimônio). Embora sejam menos específica em relação a medidas e quantidades as Práticas SEAP estabelecem critérios como:

Estruturas metálicas: Placas de base laminadas com espessura igual ou inferior a 50mm poderão ser utilizadas sem usinagem, desde que haja apoio satisfatório por contato.

Alvenaria com tijolos: As alvenarias de tijolos de barro serão executadas de acordo com as dimensões e alinhamentos indicados no projeto, descontando-se integralmente todos os vãos, independente do tamanho. As juntas devem ser uniformes, e a espessura não deve ultrapassar 10mm.

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Pintura: Com base na área (em metros quadrados) a ser executada. Preparar previamente uma amostra de cores com as dimensões mínimas de 0,50×1,00m no próprio local a que se destina, para aprovação da Fiscalização das obras

SINAPI

Gerido pela Caixa Econômica Federal e pelo IBGE, o banco de dados do SINAPI (Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices da Construção Civil). Os preços e composições são regularmente atualizados, com valor específicos para cada estado do Brasil. Alguns dos critérios estabelecidos pelo Sistema são:

Fôrmas de vigas, pilares e lajes: Quantificadas em metros quadrados. Considera-se a área das faces da estrutura que estará em contato com as fôrmas, de acordo com a lógica de montagem. Preferencialmente, utiliza-se o compensado resinado com 2 reutilizações. Para edifícios verticalizados, o número de reutilizações deve ser o mais próximo do número de pavimentos em que há a repetição da estrutura.

Telhamento: Quantificado em área (metros quadrados). Utiliza-se a área de projeção horizontal do telhado, conforme as dimensões estabelecidas no projeto.

Revestimentos internos: Quantificados em área (metros quadrados). Utilizam-se as dimensões do projeto, considerando-se a área líquida a ser revestida – ou seja, descontando as áreas de vãos em portas, janelas e afins.

Alvenaria de vedação e estrutural: Quantificadas em área (metros quadrados). Utilizam-se as áreas líquidas das paredes (descontadas as áreas de vãos e dos elementos estruturais), observando-se os parâmetros de aferição das composições (área líquida maior ou menor que 6 m², com ou sem vãos).

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CPOS

O Estado de São Paulo possui seus próprios critérios para medição e remuneração em obras, elaborado e atualizado pela CPOS (Companhia Paulista de Obras e Serviços). Além disso, o órgão também realiza trimestralmente uma pesquisa de preços dos insumos para a elaboração do Boletim Referencial de Custos.

Alguns dos critérios utilizados pela CPOS são:

Alvenaria de fundação em tijolo maciço comum: Será medido por volume real, considerando como altura a distância entre o respaldo superior da viga baldrame e a cota do piso acabado (m³). A remuneração deve ser feita de acordo com a quantidade de tijolos, cimento, cal hidratada, areia e a mão de obra necessária para a execução.

Telhamento: Será medido pela área de cobertura em projeção horizontal (m²), com acréscimos de 5% para coberturas com 18 a 27% de inclinação, 8% para coberturas com 28 a 38% de inclinação e de 12% para coberturas com 39 a 50% de inclinação.

Corrimão e guarda-corpo em aço galvanizado: Serão medidos pelo comprimento de corrimão e guarda-corpo instalados (em metros). Corrimão e montantes verticais devem ter espaçamento médio 1,2m.

É importante lembrar que não se trata de um critério ser melhor do que outro: eles são apenas diferentes, mais ou menos específicos ou mais adequados para diferentes tipos de projeto, como obras de infraestrutura ou obras públicas. Além disso, as construtoras também podem desenvolver composições de custo e critérios de medição próprios, com base em orçamentos e projetos previamente desenvolvidos.

 

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