Desperdício na construção civil: impactos no meio ambiente

Combater o desperdício na construção civil é um dos grandes desafios do setor em nosso país. Este levantamento feito em diversos estados brasileiros mostra que, em média, gasta-se até 8% a mais em material do que o necessário devido a perdas – tanto na própria edificação quanto em entulho. Em alguns tipos de materiais, o problema é ainda maior. O desperdício de massa fina pode chegar a 80% e o de tintas e tijolos, a mais de 25%.

A construção civil é responsável pelo consumo de 40% a 75% da matéria-prima produzida no planeta, além de um terço dos recursos naturais. O consumo de cimento é maior que o de alimentos – e só perde para o de água. Em 2012, o foram 536 quilos de cimento para cada ser humano no mundo, o que faz da construção civil a indústria mais poluente do planeta. No Brasil, foram 353 quilos por pessoa em 2009 – número que quintuplica na China.

Um dos problemas, aponta o professor Vahan Agopyan, da Poli-USP, em entrevista ao Globo Ciência, é a impossibilidade de frear a construção de casas, hospitais e obras de infraestrutura. Por isso, um dos únicos modos de minimizar os danos é reduzir ao máximo o desperdício em construção civil. “O Brasil, por exemplo, tem muito desperdício. A indústria da construção civil no país gasta muito mais do que Estados Unidos e Europa”, diz o professor da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) José Koz também ao Globo Ciência.

Efeito estufa

O desperdício de insumos leva a indústria a produzir mais que o necessário. Para fabricar o cimento, um dos principais itens da construção civil, gera-se gás carbônico, um dos culpados pelo efeito estufa. E calcula-se que 5% das emissões globais de CO2 sejam geradas pela indústria cimenteira. No Brasil, o setor representa menos de 2% delas. “Muitas vezes, [as obras] são superdimensionadas e gasta-se mais cimento do que o necessário”, afirma a arquiteta Diana Csillag, do Conselho Brasileiro de Construção Sustentável (CBCS), ao site Planeta Sustentável.

Água e energia
Em 2015, 40% da energia elétrica nos Estados Unidos foi consumida por edifícios. É uma porcentagem que vem crescendo desde 1995. O número abarca desde a construção até a demolição. A produção de energia pode causar danos múltiplos ao meio ambiente, dependendo de como é produzida. No Brasil, é comum o uso de hidrelétricas, que têm impacto sobre a fauna, a flora e os rios – sem falar nas populações locais. O desperdício em construção civil só agrava o problema.

A água também sofre. De acordo com o comitê temático da água do Conselho Brasileiro de Construção Sustententável, a construção civil é responsável por até 84% do consumo de água potável em áreas como a cidade de Vitória (ES). O desperdício de água não diz respeito apenas à redução de consumo, mas também ao aproveitamento de recursos pluviais e mesmo instalação de estação de tratamento de esgoto. São águas preciosas que não podem ser desperdiçadas.

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Entulho

O desperdício na construção civil mais fácil de se constatar é o que resulta na produção de resíduos de construção e demolição (RCD) – o popular “entulho”. Os RCD representam, em média, 50% da massa dos resíduos sólidos urbanos no Brasil.

“Desperdiçar entulho” significa deixar de aproveitar os resíduos na reciclagem. Se não são reutilizados, precisam ser descartados, o que provoca aumento de lixo e o risco de ter destino inadequado. As disposições irregulares e os aterros clandestinos são comuns no Brasil.

O entulho pode ser produzido por falhas ou omissões na elaboração dos projetos e na execução, além de perdas no transporte e armazenamento e má manipulação por parte da mão de obra.

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