Receber as Paralimpíadas com toda a estrutura necessária para garantir a acessibilidade foi um dos grandes desafios da cidade do Rio de Janeiro para os Jogos 2016. Vila Olímpica, Parque Olímpico, arenas de disputas, pontos turísticos e meios de transporte receberam adaptações especiais para ajudar o acesso de atletas, visitantes e moradores da cidade com necessidades especiais.
Ainda que sem inovações, a Vila Olímpica ofereceu o necessário em acessibilidade em acomodações e áreas comuns, que foram concebidas com rampas de acesso, corrimãos, banheiros e elevadores adaptados. Algumas modificações ocorreram somente após os Jogos Olímpicos – a organização retirou algumas cadeiras e mesas do refeitório para garantir mais espaço aos cadeirantes, implantou piso tátil nas áreas comuns e instalou uma oficina para manutenção de cadeira de rodas. Os parâmetros para as adaptações estão previstos na Norma Técnica de Acessibilidade a Edificações, Mobiliário, Espaços e Equipamentos Urbanos, elaboradas em 2004 e revistas em 2015.
A nadadora paralímpica chinesa Zhang Li, de 18 anos, disse em entrevista à televisão estatal chinesa que ficou feliz com o esforço dos organizadores. Para facilitar a movimentação das cadeiras de rodas, seu quarto conta com piso plano e portas sem soleira.
O desafio da construção civil é garantir a acessibilidade de todos. Isso inclui pensar não apenas em cadeirantes e cegos, por exemplo, mas também em obesos, anões e outros que precisem de implementações especiais. É o que dizem os preceitos do Design Universal, criado nos Estados Unidos em 1963.
Nos locais de competição das Paralimpíadas, os itens básicos para garantir a circulação de todos incluíram piso plano anti-trepidação, rampas de acesso, espaço para circulação de cadeiras de rodas, assentos especiais e ralos de escoamento com orifícios menores. Mapas táteis, em braile, foram instalados dentro de estádios e ginásios.
As adaptações para a acessibilidade dos espectadores das Paralimpíadas incluíram algumas facilidades além das adaptações básicas. Para os cadeirantes, estações de recarga para cadeiras motorizadas com acessórios pessoais, como cabos e adaptadores. Sanitários para cães-guias e comentário esportivo descritivo via rádio ajudaram os cegos a acompanhar as disputas. Entre os assentos da plateia, cadeiras com largura maior para obesos foram instaladas.
E, para os atletas, uma inovação: medalhas que podem ser identificadas pelo tipo – ouro, prata ou bronze – por meio do tato e da audição. Além disso, uma equipe multilíngue fica disponível 24 horas para consertar artefatos como cadeiras de rodas e próteses.
A cidade do Rio de Janeiro também melhorou a acessibilidade a pontos turísticos. Por exemplo, pisos táteis foram implantados no Boulevard Olímpico, ao longo da linha do VLT. O novo meio de transporte conta, aliás, com uma plataforma de acesso no mesmo nível da composição. Calçadas com obstáculos e avisos sonoros em volume baixo, no entanto, ainda prejudicam o deslocamento dos usuários com necessidades especiais.
Ainda que falha em alguns pontos, a estrutura criada para as Paralimpíadas representa um marco no país na consideração dos direitos dos indivíduos com necessidades especiais. Para a construção civil, o exemplo que fica é o do investimento necessário para garantir o bem-estar da população.
Não se trata apenas de uma questão legal, mas também de agregar valor social à construtora. Como cada tipo de construção pede cuidados específicos para a acessibilidade, fique de olho nas normas técnicas.
Este e-book, criado pelo Sienge, ajuda a conhecer mais a fundo a legislação vigente.